Foi um ano puxado; problemas familiares, doenças, contas a pagar e assim foi no pais inteiro, mas graças a Deus chegamos ao final, vivos, bem de saúde e pelo menos na nossa casa sem nenhuma baixa e vale lembrar que ainda deu tempo de corrigir muitas falhas que vinham se acentuando aos poucos sem que eu percebesse, como o consumo excessivo de cerveja, somente a cerveja.
Eu estava consumindo em media de
2 a 4 caixas de cerveja por dia, dormia e acordava mal; o primeiro pensamento
do dia era realizar todos os afazeres de casa o mais rápido possível, sair
comprar a cerveja colocar para gelar e sentar para beber, e mais nada.
Em outras épocas eu adorava
curtir a natureza, fazer caminhadas, corridas, viajar; de repente fui perdendo essa
vontade e substituindo os momentos de prazer com uma vida normal e saudável pelo momento de
beber.
Desde quando fiz a bariátrica fui
avisada para tomar muito cuidado com cerveja, pois muitos outros pacientes substituíram
a compulsão da comida, por bebidas, mas achei pouco provável, eu sempre
gostei de bebidas, mas nunca extrapolei até 10 dias atrás, no mais, cerveja era
uma coisa que não me preocupava, pois nunca fui muito fã.
Mal sabia eu que iria virar uma
beberrona, estava vivendo para beber e bebendo para viver, perdi as percepções
de vida, perdi os prazeres da vida.
O pensamento era um só, o mundo
desabando em cima da sua cabeça, vc sobrecarregada de problemas seus e dos
demais, sozinha para resolver tudo, tinha perdido espaço, tempo, não conseguia
fazer nem meus estudos que gosto tanto, o único prazer que tinha era comprar
cerveja sentar e beber, e ficava puta quando alguém torcia o nariz ou me pedia
um favor, resposta imediata: - Agora estou bebendo, não me enche a porra do
saco!
Um dia resolvi parar de beber,
não aguentei 5 dias, voltei as cervejas, mas no fundo muito incomodada, por que
percebi que aquilo estava me dominando, e nada que nos domina é bom a não ser
nós mesmo.
Fui em uma psicóloga, aquela
mulher é bem louca, não vou mencionar o nome,por questões obvias, mas cheguei lá e expliquei a ela tudo,
sem pudores, resposta da maluca: - Olha eu não vejo problema nenhum em vc se
satisfazer sentando e tomando cerveja, se te faz sentir bem, não vejo problema.
Eu não fiquei com vontade de mandar
ela ir tomar no cú, mas saí de lá entendendo muito bem o quanto esta difícil achar
profissionais verdadeiramente capacitados na área da saúde, os particulares são
abusivamente caros; refleti mais um pouco e pensei: vou no CAPS, lá tenho
certeza que são capacitados, pois atendem um grande numero de pessoas, nunca vi
ninguém falar mal do atendimento no CAPS.
Pois bem, cheguei cedinho 8
horas, haviam vários carros importados parados na porta, pessoas de todas as
esferas da sociedade, tiveram o mesmo pensamento que eu e passando nos médicos e
atendimento do CAPS, foi a melhor coisa que fiz.
Passei pela assistente social que
me perguntou sobre tudo que se pode imaginar, e mediante minhas respostas disse
que me encaminharia para a consulta psiquiátrica e foi maravilhosa. Expliquei a
psiquiatra que tinha sérios problemas com cerveja e ela me explicou que não sou
alcoólatra, mas que isso era sim um principio de alcoolismo se instalando e que
iriamos corrigir isso com medicações e sessões de terapia em grupo.
Moral da estória; estou a 10 dias
sem consumir nada de álcool, me sentindo super bem, final de semana senti uma
vontade de caminhar no Horto Florestal e quando cheguei lá tive ainda mais consciência
do quanto eu estava me afundando e agora vamos voltando a viver de maneira saudável.
Só não muda, quem não quer, mas
tem que ser para melhor, aqui estou me reinventando mais uma vez aos 47 anos.
Quando vc perceber que tem algo te dominado, seja lá o que for, não precisa ser só bebida, qualquer coisa, mude, foque em vc e procure ajuda se vc não conseguir sozinho.
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