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quinta-feira, 24 de junho de 2010

Calafrios na cúpula do PT - Caso Celso Daniel, 5 mistérios e uma certeza

Os bastidores do caso Celso Daniel, o crime com elementos de romance policial que provoca calafrios na cúpula do PT.
O cadáver de Celso Daniel, que jaz embalsamado no Cemitério da Saudade, em Santo André, ainda assombra o PT. Nos últimos dois meses, os dois irmãos do prefeito assassinado, João Francisco e Bruno Daniel, depuseram na CPI dos Bingos. Voltaram a bater na tecla de sempre – a de que dois petistas de alto coturno, José Dirceu e Gilberto Carvalho, puxavam os fios do esquema de corrupção que se instalou em Santo André. Nos próximos dias os irmãos serão colocados frente a frente com Gilberto Carvalho em uma acareação promovida pela CPI. Essa idéia provoca calafrios até no presidente da
República – Lula declarou recentemente que a CPI dos Bingos estaria "perdendo o foco". Na quarta-feira passada, mais um morto se juntou à pilha de cadáveres de alguma forma relacionados com o caso. Carlos Delmonte Printes, médico-legista que fez a autópsia de Celso Daniel e constatou marcas de tortura, foi encontrado sem vida em seu escritório. Até sexta-feira o episódio ainda intrigava a polícia e o Ministério Público. O exame pericial descartou causas naturais como um ataque do coração, mas também não havia marcas de violência que sustentassem a hipótese de assassinato.
O crime que vitimou o prefeito petista, seqüestrado na noite de 18 de janeiro de 2002 e morto na tarde do dia seguinte, tem todos os ingredientes de um romance policial. Mistério, pistas falsas, sexo e luta pelo poder. A trama, no entanto, segue uma dinâmica peculiar: procura-se um assassino e, no lugar dele, são encontrados corruptos. Reduzido à sua essência, o caso se compõe de dois crimes. O primeiro é o assassinato do prefeito em si. O segundo, o esquema de corrupção formado na cidade que ele administrava. Há fortes indícios de que haja uma conexão entre ambos, mas não apareceu até agora uma prova definitiva. O primeiro crime, o assassinato, ainda está longe de ser solucionado. A polícia identificou e prendeu os integrantes da quadrilha que, na noite do dia 18, em São Paulo, seguiu o Mitsubishi Pajero onde estavam o prefeito e seu amigo Sérgio Gomes da Silva, rendeu-os, seqüestrou Celso Daniel e o abandonou no dia seguinte numa estrada, já sem vida e com marcas de tortura. Não é possível afirmar com certeza se houve um mandante. Suspeito de ser o arquiteto da ação, o empresário Sérgio Gomes da Silva teve prisão preventiva decretada e passou sete meses na cadeia. Foi solto em julho do ano passado por falta de provas. Já sobre o segundo crime, a propina que o PT cobrava de empresas que prestavam serviços à prefeitura, não há dúvidas. É um dos poucos casos de corrupção no Brasil que têm extrato bancário.
Os depoimentos na CPI e as investigações sobre a morte do legista fornecem uma grande oportunidade para esclarecer os mistérios relacionados à morte do prefeito e aprofundar a única certeza – a de que havia roubalheira em benefício do PT em sua administração. Enquanto não se souber exatamente o que aconteceu, o espectro de Celso Daniel continuará a assombrar o PT – assim como aqueles vilões de filmes de terror que morrem no final, mas ressuscitam no episódio seguinte provocando sustos ainda maiores.

A CERTEZA

Corrupção com recibo e extrato bancário
Examinando o caso Celso Daniel com óculos de hoje, pode-se dizer que a cidade de Santo André foi a precursora do mensalão. Na tarde do dia 24 de janeiro de 2002, cinco dias depois do assassinato do prefeito, a empresária Rosângela Gabrilli, dona de uma empresa de ônibus em Santo André, procurou o Ministério Público para fazer uma denúncia grave. Segundo ela, os donos de companhias rodoviárias da cidade eram obrigados a contribuir para uma caixinha do PT. O valor do mensalão seria proporcional à quantidade de ônibus que cada empresário possuía, à razão de 550 reais por veículo. A própria Rosângela, dona da Expresso Guarará, pagava 40.000 reais todos os meses. A empresária apontou três responsáveis pelo esquema de cobrança. Sérgio Gomes da Silva, o "Sombra", melhor amigo do prefeito. Klinger Luiz de Oliveira Sousa, ex-secretário de Serviços Municipais de Santo André. E Ronan Maria Pinto, sócio de Sérgio em três empresas, ele próprio um dos maiores concessionários do setor de transporte público na cidade. Em plena efervescência da campanha eleitoral, a denúncia foi desqualificada por vários petistas, que viram na atitude de Rosângela indícios de manobra eleitoreira. Mesmo assim, abriu-se uma CPI em Santo André e o Ministério Público foi chamado a investigar o caso.
A prova de que Rosângela falava a verdade veio em abril de 2003. A empresária encontrou no fundo de uma gaveta da Expresso Guarará, de sua propriedade, um fax datado de 30 de dezembro de 1998, em que se informava qual seria o valor da caixinha do mês – 100.000 reais – e qual parte caberia a cada uma das sete empresas de ônibus na cidade. No mesmo fax havia o número da conta bancária de Sérgio Gomes da Silva. Com base no fax, o Ministério Público pediu a quebra do sigilo bancário de Sérgio e constatou que havia depósitos na conta dele, na mesma data, exatamente nos valores discriminados no fax. Segundo Rosângela, a caixinha costumava ser paga em dinheiro vivo, transportado em envelopes – naquele tempo os corruptos ainda não se deixavam apanhar de cuecas recheadas. Em ocasiões especiais, o depósito era feito diretamente na conta de Sérgio Gomes da Silva. Trinta de dezembro, véspera de feriado e dia de folga dos office-boys das empresas de ônibus, era uma dessas ocasiões. Os extratos bancários levantados pelo Ministério Público mostraram que o dinheiro tinha entrada e saída. No histórico da conta de Sérgio, próximo às datas em que ele recebeu o dinheiro, havia vários depósitos em favor de amigos, entre eles Ivone de Santana, a namorada de Celso Daniel na época de seu assassinato. "Era um empréstimo pessoal, Sérgio e eu somos amigos há anos", disse Ivone a VEJA. Assim, a partir da única certeza do caso – a de que havia caixinha político-eleitoral em Santo André – surge o primeiro mistério: quem estava por trás do esquema? E quem se beneficiou dele?
Leia Mais: http://veja.abril.com.br/191005/p_042.html

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