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sexta-feira, 30 de abril de 2010

CÃES DE GUARDA


Os cães de guarda de Serra
Bateram feio e pesado
Na sexta-feira passada
Quando o professorado
Tentava ir ao palácio
Dialogar com o Estado.


Foi uma guerra e tanto,
Batalha nua e crua,
A policia atirando
E professor de mão nua
Se defendendo com pedras
Em todo canto da rua.


É claro que todo tiro
E toda bomba jogada
E até mesmo toda ação
Que trazia uma pancada
Foi coisa anteriormente
Por Serra determinada.


Sob música de bombas
E sob nuvem de fumaça,
O professor viu de perto
O quanto é grande a trapaça
Dessa tal democracia
Que a truculência traça.


O magistério recebeu
Tratamento de bandido
Sob balas de borracha
E muito gás expelido,
Pimenta e lacrimogêneo
Desse governo atrevido.


E foram cenas de guerra
Na tarde da sexta-feira,
Em torno de um palácio
Onde é coisa costumeira
O Serra desgovernar
Cometendo tanta asneira.

Nesse dia e nessa tarde,
Outra asneira cometida
Foi mandar tropa de choque
Trancar rua e avenida
E exigir que cão de guarda
Batesse ou tirasse vida.


Quem bateu foi a policia
Que nunca chega na escola,
E quando a violência explode,
Se a gente chama, não dá bola.
Ela, em defesa do governo,
Ao professor mostrou sola.


E também é a policia
Que põe a farda de lado
E sempre foge de medo
Do tal crime organizado,
Ela agiu covardemente
Com todo o professorado.


Até parece que ela
No povo mandando bala
Vai melhorar seu salário
E escapar da imensa vala
Que a miséria sempre cava
Em torno de quem se cala.


A polícia bateu mesmo
E bateu com alegria,
Como sempre ela bate
Onde existe a poesia
De quem sonha arrancar
O Brasil de sua agonia.


Mas como coisa mandada,
A polícia é instrumento
Da política que o Serra
Com pobreza de argumento
Só extrai do que é publico
Inúmeros ais e lamento.


Como pode a educação
Ser tratada desse jeito,
Com tropas e tanta polícia,
Balas e nenhum respeito
E professores sangrando
E a dor tomando o peito!


E mesmo que a polícia
Tanta bomba atirando
E tanta bala de borracha
O corpo de muitos furando,
A imprensa não mostrou
O professor se ferrando.


Acontece que a imprensa
Desse governo é parceira
E se esmera repetindo
As mentiras costumeiras
Que o marketing de Serra
Espalha de forma grosseira.


Jovem Pan e tevê Globo
E também a Bandeirantes
E outros órgãos de imprensa
Como hoje e muito antes
São o braço midiatico
Desse Zé Serra farsante.


Não se pode esperar
Que gente tão mentirosa
Venha dar ao professor
Um espaço em sua prosa,
Justamente essa gente
Toda ela indecorosa.


Imagine se a Veja
Que ao ensino faz guerra
Vai abrir em suas paginas
Notícias contra o Zé Serra,
Governador que com ela
Persegue sem-teto e sem-terra!


Essa imprensa comprada,
Defensora sem igual
Das mutretas e interesses
De gente do capital,
Trata a educação pública
Como se ela fosse um mal.


E segundo essa imprensa
Todo o mal da educação
É culpa do professor
Que não possui condição
De ensinar como exigem
Os senhores da exclusão.


Por isso, o professor,
Esse ser que não se cala
Para o farsante do Serra
Deve mesmo levar bala
Se insistir em lecionar
Além dos limites da sala.


E se ele for pra rua,
No palácio ou na Paulista,
Não vai faltar cão de guarda
Querendo tapar sua vista
Ou mesmo calar sua voz,
Caso ele tanto insista.


Na batalha do palácio,
Cada bomba atirada
Com sua explosão certeira
Derrubava uma fachada
Desse arrogante governo
Que já bate em retirada.


Portanto, Serra, vá embora,
Vá embora e já vai tarde,
E que no meio do caminho
O capeta te aguarde
Com uma fogueira acesa
Pra te queimar sem alarde.


Silvio Prado
(professor da rede estadual paulista)
Março, 2010

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